No dia 8 de março, é comemorado o Dia Internacional das Mulheres, cuja origem está nos múltiplos movimentos de luta e resistência feminina em busca de melhores condições de vida e trabalho desde o final do século XIX. Na época, a luta foi encabeçada pelas mulheres operárias e uma das principais reivindicações era condições menos degradantes de trabalho. Hoje em dia, apesar das barreiras sociológicas, culturais e educacionais que alimentam a desigualdade de gênero, a participação das mulheres no mercado de trabalho vem aumentando.
Em relação à liderança, a questão é mais complicada: por mais que algumas áreas (como Recursos Humanos) sejam lideradas por maioria feminina, segundo o IBGE, em 2019, menos de 38% dos cargos gerenciais no Brasil eram ocupados por mulheres. Embora muito tenha avançado desde a luta inicial, ainda não há igualdade de oportunidades entre os homens e as mulheres no mercado de trabalho. Para chegarem a posições de liderança, as mulheres ainda enfrentam muito desrespeito, desmerecimento, desigualdade salarial e subestimação de suas capacidades.
Analisando esses obstáculos, fica nítida a necessidade de se criar ambientes corporativos que promovam a equidade, a segurança psicológica, o respeito e a permanência das mulheres em seus cargos. Esse tipo de cuidado na gestão é muito importante porque, além de criar outra cultura organizacional, pode gerar mudanças culturais e sociais no país. É essencial, então, a promoção de ambientes inclusivos e seguros para trabalho – e isso deve levar em consideração que as dificuldades enfrentadas pelas mulheres podem ser maiores ou menores dependendo de fatores como identidade de gênero e etnia.
Nesse sentido, pouco se fala sobre a mulher trans no mercado de trabalho, menos ainda se for em um cargo de liderança. No entanto, nos últimos anos o cenário vai se revertendo, mesmo que de maneira lenta. O número de mulheres trans que ingressam no mercado de trabalho formal cresce a cada ano, como consequência de entidades que vêm se organizando para criar redes de apoio para aquelas que precisam. A consultora em Diversidade e Inclusão e palestrante Maite Schneider é uma dessas vozes que fornecem apoio e suporte: a embaixadora de Rede Mulheres Empreendedoras, TEDx Speaker e a primeira trans a ser “LinkedIn Top Voice”é co-fundadora da co-fundadora da TransEmpregos, ONG dedicada a conectar pessoas trans com oportunidades de emprego parceira de grandes empresas como a Natura, Carrefour e o Grupo Pão de Açúcar. É importante que grandes corporações e empresas construam pontes para que mulheres como a Maite sigam abrindo cada vez mais portas para lideranças femininas diversas.
Além disso, a situação das mulheres negras no mercado de trabalho ainda é uma situação delicada. É preciso entender que, por causa de fatores histórico-sociais como as origens escravocratas do nosso país e os reflexos do racismo estrutural, muitas mulheres negras possuem uma grande dificuldade de se inserir no mercado de trabalho. Entretanto, essa situação está tomando um novo rumo, fruto das conquistas alcançadas após anos de luta.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 54,9% da população brasileira é autodeclarada negra e parda, e, segundo microdados do PNADC/IBGE, a participação das mulheres negras na População em Idade Ativa (PIA) passou de 26% em 2012 para 28,3% em 2022, se tornando o grupo com maior representatividade.
Apesar das taxas terem aumentado, é necessário um acompanhamento dessas mulheres para a inserção e a permanência delas no mercado de trabalho, uma vez que ainda é um desafio para muitas permanecer nesse ambiente. Para isso, são essenciais mulheres como a Adriana Barbosa em posições de liderança: Adriana é CEO do Preta Hub, um Hub de criatividade, inventividade e tendências pretas que pensa o mapeamento, a capacitação técnica e criativa do empreendedorismo negro no Brasil. Além disso, ela é fundadora da Feira Preta, o maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina que reúne empresários de diversas áreas do mercado de trabalho.
Com isso em mente, a área de Recursos Humanos tem o dever de não só investir em projetos que contribuam para um cenário de maior liderança feminina no mundo corporativo e no mercado de trabalho, mas também usar dos tão necessários treinamentos de Diversidade e Inclusão e dar voz à lideranças como Maite e Adriana, que abrem caminhos para que passem aquelas que já deveriam ter passado a muito tempo.
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